sábado, 2 de fevereiro de 2013

Fotografia como aventura



Em sua análise, Barthes, define a fotografia como aventura e o que a faz existir é a animação (ela anima-me e eu animo-a). Nem todas as imagens despertam emoções e desejos, por isso procuremos por aquelas que nos despertam prazeres e  nos fazem viver a verdadeira AVENTURA  fotográfica.  

Fernanda Sena




Fotografia como aventura



Roland Barthes (A Câmara Clara)




Decidi então tomar como guia da minha nova análise a atracção que sentia por certas fotos. Porque desssa atracção, pelo menos, eu estava seguro. Como designá-la? Fascínio? Não. Essa fotografia que eu distingo, e de que gosto, nada tem a aver com o ponto brilante que se agita diante dos olhos e faz menear a cabeça; o que ela produz em mim é mesmo o contrário da estupidez. É antes uma agitação interior, uma festa, também um trabalho, a pressão do indizível que quer ser dito. Então? Interesse? Isso é pouco;não preciso interrogar a minha emoção para enumerar as diferentes razões que podem levar-nos a interessarmos-nos por uma foto. Podemos desejar o objeto, a a paisagem, o corpo que ela representa; amar ou ter amado o ser que ela nos dá a reconhecer; espantarmo-nos com o que vemos; admirar ou discutir o trabalho do fotógrafo, etc. Mas estes interesses são inconsistentes, heterogêneos; uma determinada foto pode satisfazer um deles e interessar-me pouco. E se uma outra me interessa bastante, eu gostaria de saber o que é que, nessa foto, fez tilt dentro de mim. Assim, perecia-me que a palavra mais adequada para designar (provisoriamente)  a atracção que certas fotografias exercem sobre mim era aventura. Uma determinada foto acontece-me, uma outra não.

O princípio de aventura permite-me fazer existir a Fotografia. De um modo inverso, não há foto sem aventura. Cito Sartre: “ As fotos de um jornal podem muito bem ‘não me dizer nada’, o que significa que eu as olhos sem lhes reconhcer a existência. Então, as pessoas cuja fotografia eu contemplo são bem captadas através dessa fotografia, mas sem posição existencial, tal como o Cavaleiro e a Morte, que são captados através de Durer, mas sem que eu lhes reconheça a existência. Aliás, podemos encontrar casos em que a fotografia me deixa num tal estado de indiferença que eu nem sequer efectuo a “mise em image”. A fotografia é vagamente constituída em objecto e as personagens que nela figuram são realmente contituídas em personagens, mas apenas pela sua semelhança com os seres humanos, sem uma intencionalidade particular. Elas flutuam entre a margem da percepção,  a do signo e a da imagem, sem nunca abordar qualquer delas”.

Neste deserto monótono, surge-me inesperadamnete uma fotografia: ela anima-me e eu animo-a. É, portanto, assim que eu devo denominar a atracção que a faz existir: uma animação. A fotografia em si mesma não é animada em nada ( não acredito nas fotografias “vivas”) mas ela anima-me: é o que toda aventua faz. 


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Foto: Praça dos Andradas - Barbacena MG 

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