quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Mulher de Fases (Caio Cal)


É inegável que a figura feminina possui grande representatividade no campo fotográfico. Mas, precisamos entender que a mulher do século XXI é o resultado de uma série de conquistas alcançadas a passos relativamente longos. Alguém ainda acredita no “sexo frágil”?

A feminilidade é uma inesgotável fonte de inspiração. Por outro lado, uma parte dos fotógrafos não consegue distinguir a diferença entre sensualidade e vulgaridade, mesmo tendo várias referências.


Edição de Outubro/11 da Vogue Itália. Foto por Steven Meisel 


                                   Elle Fanning para a Love Magazine. Foto por Mert & Marcus
 
 
E qual é a consequência imediata dessa falta de discernimento? Os estrangeiros, por exemplo, associam a mulher brasileira ao samba, curvas protuberantes e micro biquínis. E de quem é culpa? Mídia sensacionalista? Governo? É utópico culpar um ou outro. Como disse Henrique Resende: “Os brasileiros reclamam da imagem do Brasil no exterior, mas quando surge um evento de caráter internacional – como o Miss Universo e Rock in Rio – colocam mulheres com curvas vestindo maiô e cantando axé para representar a cultura brasileira.” 

As mulheres viveram os dois lados da moeda: repressão e liberdade. E provaram, com muita garra, diga-se de passagem, que são capazes de encarar qualquer desafio. No Barroco (século XVII e meados do século XVIII), a mulher foi contornada por uma veia satírica. Virtudes e defeitos travavam uma luta diária na cabeça e nos versos escritos por Gregório de Matos.

No Romantismo (século XVIII e grande parte do século seguinte), o sexo feminino possuía um tom mais idealizante. O poeta clamava por uma paixão que, muitas vezes, era fruto de uma imaginação nada convencional. Esses dois movimentos literários foram vitais para o desenvolvimento da estética fotográfica que estudamos hoje. Várias publicações buscam referências na aura e na atitude angelical da mulher dos séculos passados. Quem nunca se deparou com um editorial de moda composto por uma veia clássica? No inglês, chamamos esse termo de “Blast from the past”. 




                                         Editorial Vogue América. Foto por David Sims 


                                      Editorial Vogue América. Foto por Patrick Demarchelier


Fotografar bem vai além do botão de disparo. O estudo literário deve fazer parte do dia a dia de qualquer fotógrafo. Se devemos contar história com as nossas imagens, porque não saber mesmo um pouco de história? É uma maneira de conhecer melhor as culturas passadas e resgatar um pouco delas fazendo referências durante o trabalho. “Conhecimento nunca é demais."   


                                                 Pinturas do Romantismo

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