É
inegável que a figura feminina possui grande representatividade no campo
fotográfico. Mas, precisamos entender que a mulher do século XXI é o
resultado de uma série de conquistas alcançadas a passos relativamente
longos. Alguém ainda acredita no “sexo frágil”?
A
feminilidade é uma inesgotável fonte de inspiração. Por outro lado, uma parte
dos fotógrafos não consegue distinguir a diferença entre sensualidade e
vulgaridade, mesmo tendo várias referências.
Edição de Outubro/11 da Vogue Itália. Foto por Steven Meisel
Elle Fanning para a Love Magazine. Foto por Mert & Marcus
E qual
é a consequência imediata dessa falta de discernimento? Os estrangeiros, por
exemplo, associam a mulher brasileira ao samba, curvas protuberantes e micro
biquínis. E de quem é culpa? Mídia sensacionalista? Governo? É utópico culpar
um ou outro. Como disse Henrique Resende: “Os brasileiros reclamam da
imagem do Brasil no exterior, mas quando surge um evento de caráter
internacional – como o Miss Universo e Rock in Rio – colocam mulheres com
curvas vestindo maiô e cantando axé para representar a cultura brasileira.”
As
mulheres viveram os dois lados da moeda: repressão e liberdade. E provaram,
com muita garra, diga-se de passagem, que são capazes de encarar qualquer
desafio. No Barroco (século XVII e meados do século XVIII), a mulher
foi contornada por uma veia satírica. Virtudes e defeitos travavam uma luta
diária na cabeça e nos versos escritos por Gregório de Matos.
No
Romantismo (século XVIII e grande parte do século seguinte), o sexo
feminino possuía um tom mais idealizante. O poeta clamava por uma paixão que,
muitas vezes, era fruto de uma imaginação nada convencional. Esses dois
movimentos literários foram vitais para o desenvolvimento da estética
fotográfica que estudamos hoje. Várias publicações buscam referências na aura
e na atitude angelical da mulher dos séculos passados. Quem nunca se deparou
com um editorial de moda composto por uma veia clássica? No inglês, chamamos
esse termo de “Blast from the past”.
Editorial Vogue América. Foto por David Sims
Editorial Vogue América. Foto por Patrick Demarchelier
Fotografar
bem vai além do botão de disparo. O estudo literário deve fazer parte do dia
a dia de qualquer fotógrafo. Se devemos contar história com as nossas
imagens, porque não saber mesmo um pouco de história? É uma maneira de
conhecer melhor as culturas passadas e resgatar um pouco delas fazendo
referências durante o trabalho. “Conhecimento nunca é demais."
Pinturas do Romantismo
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